Simplesmente… Floribela.
Para quem anunciava aos 4 ventos o mais espectacular dos blogs (ainda bem que sou modesto) não tenho correspondido, eu sei e as bocas fazem-se ouvir.
Na verdade, o ânimo por aqui não tem sido dos melhores, volta e meia vou a baixo e estes últimos dias têm sido desses. Que fazer?!? Isto aqui não é nada fácil… Coitadinho de mim!
Passo a explicar, estar no estrangeiro, é complicado. (UAU que génio!)
Quero dizer que é complicado as in difícil! Começo pela parte do difícil.
Quando me disseram que tinha de vir para cá fiquei a saber lá na empresa que este era considerado um “país de vida difícil” segundo os recursos humanos, que é como quem diz, é um país de risco, mas sem assumir porque senão parece mal e muito negativo.
Além de ser difícil estar longe de casa, do conforto do lar e da companhia da cara-metade, da família e da faMelga, dos Amigos, é também difícil estar longe de um cinema, de andar na rua sem ter medo de ser assaltado, de conduzir sem parecer uma corrida de NASCAR (em que não passam nem por cima nem por baixo por ser tecnicamente inviável), de ter uma conversa que tenha um mínimo de cultura e de senso que não seja anti-americanos, anti-JUIFS (judeus, com direito a entoação cerrada) ou com a insinuação que Portugal é um país de atrasados, em relação á Europa e ao Mundo e engolir em seco por não poder contrapor (não convém, mas vontade…).
Complicado é trabalhar nestas condições, viajar de avião semana sim semana sim (sempre mas sempre atrasado), viver em hotéis (nem vou falar disso), falar Francês (que língua de rotos) e o desfasamento de dois dias do fim-de-semana que mesmo dois anos depois ainda não me consegui adaptar.
Mas o que custa mesmo, mesmo mesmo, é sentir que estou numa “prisão” em que não tenho liberdade para parar o carro e tirar uma foto a um pôr-do-sol, por mais bonito que seja, em passar semanas atrás de semanas a acumular uma angústia impotente de não ir aonde quero, como e com quem quiser. Custa não me conseguir alienar da pressão do trabalho por falta de uma razão justificada e de tempo para me libertar dos problemas e situações desagradáveis do dia-a-dia. Falta aquele “reset” que se faz ao fim-de-semana, em que aqui, como não o tenho, pelo menos nas mesmas condições, acabo ás vezes, por não conseguir ter uma objectividade para coisas claras e simples. Custa saber o que tenho e dar graças em ser Português e falar Português e não me poder socorrer disso como um super herói saca da sua capa ou um batoteiro saca um Ás de espadas.
Mas basta de lamúrias!
Não precisei de vir para aqui para dar valor àquilo que tenho e consegui, mas visto daqui, visto aqui de bem longe roça a maior fortuna que podia sonhar, acordado ou a dormir.
Estou a falar de Tu, Españolita, estou a falar da D. Fernanda e do Sr. Manuel, estou a falar do meu manito, estou a falar da família que é sempre família, estou a falar do meu gang com quem assalto os bancos, desarmo as bombas com o mostrador nos 2 segundos e derroto os super vilões. Estou a falar do nosso jardim á beira de Famalicão plantado, da nossa “Toca” com o sofá (ai que pista de aterragem) e a área de serviço para os pássaros, estou a falar das pessoas com quem tive a felicidade de me cruzar ao longo de todos estes anos, esses mesmo que sabem de quem eu estou a falar.
Trago tudo cá dentro e enche-me a alma.
É esse o meu elástico deste grande salto de bungee-jumping que é esta viagem.
Às vezes vou abaixo, porque sim, mas isto que tenho, ninguém mo tira ele puxa-me para cima!
Haja o que houver!
Como diria um velho amigo: “se são estes os problemas dos ricos, como serão os dos pobres?”.
Ora... Na verdade, eu sou pobre em ouro mas rico rico em sonhos.
Estão consigo Tio Amândio os meus pensamentos. Força!